Um distúrbio metabólico chamado diabetes

Diabetes é um distúrbio metabólico crônico caracterizado por níveis elevados de açúcar no sangue, e se não for tratada de forma correta, pode trazer sérias consequências para a saúde do organismo, segundo a Organização Mundial da Saúde.  No Brasil, estima-se que 17 milhões de pessoas sofram com a diabetes. A estimativa é que até o ano de 2045, a diabetes afete 23,2 milhões de brasileiros.  Esses números se tornam ainda mais alarmantes pois grande parte dessas pessoas não têm a doença diagnosticada porque trata-se de uma doença silenciosa e que se desenvolve ao longo dos anos.

Por isso é tão importante a conscientização da população sobre o risco da doença, para incentivar o diagnóstico precoce e sua prevenção. Acompanhe este conteúdo e saiba mais sobre os tipos de diabetes, suas causas, sintomas, diagnóstico e como realizar a prevenção.

O que é a doença

Como dissemos anteriormente, a diabetes ou Diabetes Mellitus, é uma síndrome metabólica de origem múltipla, consequente da falta ou incapacidade da insulina de exercer seus efeitos de forma adequada. O déficit desse hormônio interfere não só na queima do açúcar como na sua transformação em outras substâncias (proteínas, músculos e gordura). Os elevados níveis de açúcar no sangue, podem provocar danos em vários órgãos se não for tratado.

Glicose no sangue

Para explicar como a glicose se acumula no sangue, é importante entendermos que a maioria dos alimentos são formados por três principais nutrientes: carboidratos, proteínas e gorduras. Os açúcares representam um dos três tipos de carboidratos, junto com o amido e fibras. Podemos classificar o açúcar em diferentes tipos, alguns mais simples e outros mais complexos. O açúcar de mesa, por exemplo, chamado de sacarose, é formado por dois tipos de açúcar mais simples que são a glicose e a frutose. O açúcar do leite, chamado lactose, é formado por glicose e galactose. Os carboidratos formados por amido, como pães, arroz, massas e alimentos similares têm cadeias longas de moléculas de açúcar simples. Já a sacarose, lactose, outros açúcares complexos e outros carboidratos precisam ser decompostos e transformados em açúcares simples por enzimas do trato digestivo antes de o organismo absorvê-los.

Depois desse processo de absorção dos açúcares simples, ele geralmente se converte em glicose, uma fonte importante de energia para o corpo. A glicose é o açúcar que é transportado pela corrente sanguínea e absorvido pelas células. Nosso organismo também consegue fabricar glicose através de gorduras e proteínas. O “açúcar no sangue” na realidade significa a glicose no sangue.        

A insulina

A insulina é o hormônio produzido pelo pâncreas, órgão que fica localizado atrás do estômago, também produz enzimas digestivas. É ela a responsável por controlar a quantidade de glicose no sangue. A glicose na corrente sanguínea estimula o pâncreas na produção da insulina. Esta, ajuda a transportar a glicose para dentro das células. Logo que entra nas células a glicose é convertida em energia e utilizada imediatamente. Quando há excesso dessa energia, ela é armazenada em forma de gordura até que seja necessária.

Os níveis de glicose no sangue variam durante o dia, de acordo com cada refeição eles aumentam e depois retornam aos níveis anteriores em aproximadamente duas horas. Logo que os níveis de glicose retornam aos valores de antes da refeição, a produção de insulina diminui. A variação do nível de glicose no sangue normalmente fica entre 70 a 110 miligramas por decilitro de sangue em pessoas saudáveis. Caso a pessoa consuma grande quantidade de carboidratos, os níveis podem aumentar mais. As pessoas com mais de 65 anos de idade podem ter níveis um pouco mais elevados, principalmente após as refeições.

Quando o organismo não produz uma quantidade suficiente de insulina para transportar a glicose para dentro das células ou as células deixam de responder normalmente a insulina (quadro clínico chamado resistência à insulina), o aumento dos níveis de glicose no sangue em conjunto com a quantidade inadequada de glicose nas células causa os sintomas e complicações da diabetes.

Tipos de diabetes

A diabetes na verdade não é uma doença única, mas um conjunto de doenças com uma característica comum: o aumento da concentração de glicose no sangue, consequência de situações como:

Pré-diabetes

Ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos que o normal. Embora ainda não caracterize a diabetes tipo 2, o paciente tem muita chance de desenvolver a doença, logo serve como um sinal de alerta, principalmente para pessoas que apresentam outros fatores de risco como sobrepeso ou obesidade e hipertensão.

Diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1 ocorre quando a produção de insulina é insuficiente devido a um defeito do sistema imunológico, onde os anticorpos atacam as células que produzem o hormônio. É o tipo menos comum da doença e ocorre em apenas 5 a 10% das pessoas com a doença.

Diabetes tipo 2

É o tipo mais comum da doença e atinge cerca de 90% das pessoas. A diabetes tipo 2 afeta a forma em que o corpo metaboliza a glicose. O paciente passa a apresentar resistência aos efeitos da insulina ou não produz insulina suficiente para manter um nível de glicose normal. Está relacionada, na maioria das vezes, com má alimentação.

Diabetes gestacional

O aumento da resistência à ação da insulina na gestação leva aos altos índices de glicose no sangue, podendo ou não persistir após o parto. Não se sabe ainda qual a causa exata da diabetes gestacional, mas envolve a resistência à insulina pela alta produção de hormônios da gravidez.

Fatores de risco

Existem diversos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da diabetes, os mais alarmantes são os fatores genéticos e a ausência de hábitos saudáveis. Confira outros itens que corroboram para a diabetes:

  • Pressão alta
  • Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue
  • Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura
  • Doenças renais crônicas
  • Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg
  • Diabetes gestacional
  • Síndrome de ovários policísticos
  • Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos – esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar
  • Apneia do sono
  • Uso de medicamentos da classe dos glicocorticóides
  • Falta da prática regular de exercícios físicos
  • Estresse emocional

Sinais e sintomas da doença

Os sintomas da diabetes variam conforme o tipo. Na diabetes tipo 1, por exemplo, ele pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais frequente ser diagnosticado em crianças, adolescentes e jovens adultos. Já a diabetes tipo 2, embora seja mais frequente em adultos a partir dos 45 anos com obesidade ou sobrepeso, pode se manifestar em qualquer idade. A diabetes gestacional surge, como o próprio nome já diz, no período da gravidez.

Os sintomas mais comuns da diabetes são:

  • Vontade frequente de urinar
  • Aumento do apetite
  • Mudanças de humor
  • Alterações visuais
  • Sede excessiva
  • Impotência sexual
  • Infecções fúngicas na pele e nas unhas
  • Feridas, especialmente nos membros inferiores, que demoram a cicatrizar
  • Formigamentos nos pés e mãos
  • Distúrbios cardíacos e renais

Como é feito o diagnóstico

Existem três exames que podem diagnosticar a diabetes: glicemia em jejum, hemoglobina glicada e curva glicêmica.

Glicemia em jejum

Trata-se de um exame simples que mede o nível de açúcar no sangue no momento em que é feito, servindo para monitorar o tratamento da diabetes. Os valores de referência ficam entre 70 a 99 miligramas de glicose por decilitro de sangue.

Hemoglobina glicada

Avalia a fração da hemoglobina, proteína dentro do glóbulo vermelho, que se liga à glicose. Os valores da hemoglobina glicada irão indicar se você está ou não com hiperglicemia, iniciando uma investigação para o diabetes. Os valores para pessoas saudáveis variam entre 4,5% e 5,7%.

Curva glicêmica

Trata-se de um exame que mede a velocidade em que o corpo absorve a glicose após a ingestão. O paciente ingere cerca de 75g de glicose e é feita a medida da substância no sangue duas horas após a ingestão. Os valores de referência são menores de 10mg por decilitro em jejum, e 140 mg por decilitro após as duas horas. Caso o resultado seja maior de 200mg por decilitro, é considerada suspeita a diabetes.

Complicações em decorrência da diabetes

Quando o quadro de diabetes não é tratado da maneira correta, ela pode causar graves danos à saúde. Isso ocorre porque com a alta nos níveis glicêmicos por muito tempo, o funcionamento de vários órgãos pode ser afetado. Entre as principais complicações estão: 

  • Arteriosclerose – quando há um endurecimento e espessamento da parede das artérias, fazendo com que o fluxo sanguíneo seja prejudicado.
  • Pé diabético – é uma série de alterações que podem ocorrer nos pés do paciente com diabetes não controlada. Essa condição pode evoluir para um quadro uma úlcera e gangrena (morte do tecido corporal).
  • Nefropatia diabética – é uma doença que consiste em alterações dos vasos sanguíneos dos rins. Acarreta uma perda de proteína pela urina. O órgão pode reduzir a sua função lentamente, mas de forma progressiva até a sua paralisação total.
  • Retinopatia diabética – é caracterizada por lesões que aparecem na retina do olho e pode provocar pequenos sangramentos e, como consequência, a perda da acuidade visual.
  • Neuropatia diabética – distúrbio nervoso causado pela diabetes. Com o avanço do tempo, pessoas diabéticas podem sofrer danos nos nervos, podendo apresentar sintomas como formigamento ou dormência, dores, desequilíbrio, enfraquecimento muscular, traumatismo, pressão baixa e distúrbios digestivos.

A alta concentração de glicose no sangue prejudica a circulação, aumentando a pressão arterial, logo, a diabetes pode favorecer outras condições, como infarto do miocárdio, AVC e hipertensão. A hiperglicemia prejudica também, o funcionamento dos glóbulos brancos, responsáveis pelo combate aos vírus, bactérias e outros microrganismos. Com isso pode causar danos ao sistema imunológico, aumentando o risco de o diabético contrair algum tipo de infecção

Opções de tratamento

Para uma maior eficácia do tratamento é preciso identificar as necessidades de cada pessoa e analisar cada caso. O tratamento mais indicado da diabetes tipo 1, são as injeções de insulina para manter a glicose no sangue em valores considerados normais. Para acompanhar esses valores é aconselhável ter em casa um aparelho chamado glicosímetro, que será capaz de medir a concentração exata da glicose no sangue.

O tratamento da diabetes tipo 2, poderá ser feito através de técnicas e medicamentos como:

  • Inibidores da alfaglicosidase – impedem a digestão e absorção de carboidratos no intestino
  • Sulfonilureias – estimulam a produção pancreática de insulina pelas células
  • Glinidas – agem também estimulando a produção de insulina pelo pâncreas.

Manter o controle da glicemia para evitar possíveis complicações, é uma questão bastante importante. A glicemia em jejum, não deverá ultrapassar os 100 mg/dL, duas horas após a refeição, a glicemia não deverá ultrapassar 140 mg/dL.

Cuide da sua saúde! Previna-se!

 Cuidar da sua saúde adotando um estilo de vida saudável é a melhor forma de cuidar e prevenir a diabetes é uma série de doenças. É fundamental adotar hábitos alimentares com alimentos naturais, fugindo dos ultraprocessados. Alimentos ricos em carboidratos e açúcares corroboram para o desenvolvimento da diabetes.

Separamos algumas dicas para manter um estilo de vida saudável:

  • Coma verduras, legumes e frutas
  • Reduza o consumo de sal, açúcar e gorduras
  • Pare de fumar
  • Evite o sedentarismo, pratique exercícios físicos e atividades aeróbicas regularmente
  • Controle o peso
  • Mantenha um acompanhamento médico

Embora a diabetes ainda seja uma doença sem cura, existem diversos estudos para reverter esse quadro. Para a diabetes tipo 1, está sendo estudada uma terapia com células tronco em pacientes recém diagnosticados. Já para o tipo 2, estudos apontam que a cirurgia bariátrica tem mostrado bons resultados.

Vale ressaltar que o tratamento da diabetes exige além do médico especializado, cuidados com uma equipe multidisciplinar. Se você se identificou com esse artigo, clique em “Agende a sua consulta!” e converse com um de nossos especialistas.

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