Hanseníase

A hanseníase é uma doença infecciosa e contagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. Afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, ocasionando lesões neurais, o que dá a doença um grande poder incapacitante. A hanseníase é uma das enfermidades mais antigas do mundo, já no século 6 a.C , havia relatos da doença. Acredita-se que a enfermidade tenha surgido no Oriente, e de lá atingiu as outras partes do mundo, por meio de tribos nômades ou navegadores.

Naquela época, os enfermos eram enviados aos leprosários ou excluídos da sociedade, pois acreditava-se que a doença tinha relação com o pecado, castigo divino ou impureza, uma vez que era confundida com doenças venéreas. Os enfermos eram obrigados a usar vestimentas especiais e carregar sinos que
alertasse sobre sua presença, também eram proibidos de entrar em igrejas, uma vez que a doença não possuía cura naquela época.

Até a década de 1940 o tratamento de pacientes com hanseníase era ministrado nos leprosários, onde eram isolados e recebiam medicamentos fitoterápicos da índia e óleo de chapulmoogra. Ao final da década de 40 a sulfona transformou o tratamento da hanseníase ao acabar com a contagiosidade do doente.

Apesar de ser uma doença onde há cura, a cada ano, cerca de 210 mil mulheres, homens e crianças são diagnosticados com hanseníase, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Até 50% das pessoas afetadas pela hanseníase enfrentarão, além da própria doença, problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, com risco aumentado de suicídio.

O que é a hanseníase

Em suma, a hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo podendo variar entre 2 até 10 anos. A hanseníase, quando não tratada, pode causar deformidades físicas.

Estas podem ser evitadas quando a doença é detectada logo no início, e o tratamento é imediato.

Sinais e sintomas

A hanseníase apresenta como os principais sintomas dormências e dores nos nervos, além de lesões na pele. Mas pode ocorrer também:

  • Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade.
  • Área de pele seca e com falta de suor.
  • Área da pele com queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas.
  • Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade.
  • Sensação de formigamento (Parestesias) ou diminuição da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato. A pessoa se queima ou machuca sem perceber.
  • Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés.
  • Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
  • Úlceras de pernas e pés.
  • Nódulo (caroços) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
  • Febre, edemas e dor nas juntas.
  • Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
  • Ressecamento nos olhos.
  • Mal estar geral, emagrecimento.
  • Locais com maior predisposição para o surgimento das manchas: mãos, pés, face, costas, nádegas e pernas.
  • Em alguns casos, a hanseníase pode ocorrer sem manchas, apenas com alteração neural.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito através de exames. As lesões cutâneas decorrentes da hanseníase apresentam características distintas. O diagnóstico é feito por critérios clínicos e epidemiológicos. Para a confirmação da doença, é realizada uma baciloscopia, exame que detecta a presença de bactérias na área afetada.
Adicionalmente, pode ser realizado um exame histopatológico, que consiste na análise microscópica de tecidos orgânicos provenientes da lesão.

Prevenção

Não podemos prevenir totalmente a hanseníase. Contudo, para suas formas mais prevalentes, é aplicada a vacina BCG, especialmente aos contatos mais próximos do paciente, a fim de reduzir o risco de infecção. Quando há suspeita da doença, é necessário procurar atendimento em uma unidade de saúde o mais breve possível.

O diagnóstico precoce em conjunto com o tratamento adequado e a investigação de contatos é imprescindível, pois evita a evolução da doença para a forma mais grave (incapacidades e deformidades físicas) que podem surgir, além de evitar a contaminação de mais pessoas.

Transmissão

A transmissão da hanseníase ocorre quando uma pessoa, portadora da forma infectante da doença e sem tratamento, expele o bacilo para o ambiente, infectando indivíduos suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de desenvolver a doença.

Essa eliminação do bacilo ocorre principalmente pelas vias aéreas superiores, por meio de espirros ou tosse, não sendo transmitida através de objetos utilizados pelo paciente. Além disso, é importante ressaltar que a transmissão requer um contato próximo e prolongado entre as pessoas envolvidas.

Quando o paciente está em tratamento, ele deixa de transmitir a doença, cujo período de incubação é de 3 a 5 anos. O bacilo de Hansen, tem a capacidade de infectar um grande número de pessoas, porém isso não ocorre porque a maioria apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo.

Tratamento

Todos os casos de hanseníase são passíveis de tratamento e cura. O protocolo de tratamento inclui a administração combinada de três antibióticos: rifampicina, dapsona e clofazimina, seguindo um esquema padronizado. Existem dois tipos de tratamento: um de seis meses, destinado a pacientes infectados que não representam risco de contágio, e outro direcionado a formas mais avançadas da doença, com uma duração estendida. Essa abordagem visa não apenas a cura clínica, mas também a interrupção da transmissão da hanseníase.

As lesões de pele podem desaparecer no início do tratamento, mas isso não indica necessariamente a cura completa. Portanto, é crucial respeitar o tempo de tratamento e seguir rigorosamente a administração da medicação. Importante ressaltar que o paciente pode receber tratamento gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Se você suspeita de qualquer lesão na pele, é essencial buscar orientação médica para um diagnóstico adequado e iniciar o tratamento o mais rápido possível, caso seja necessário.

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